quarta-feira, 6 de julho de 2011

Moradores do Rio afirmam que não precisam de manual de conduta, como o publicado por governo em Diário Oficial

 
O servidor federal Leandro Cavalcanti Foto: Marcelo Theobald
 
 
O código de conduta de Lindinalva, André, Carlos, Prudência e Luiz não está descrito num decreto, como o publicado ontem pelo governador Sérgio Cabral no Diário Oficial do Estado. Vive na memória, nas lembranças mais simples da infância, nos ensinamentos da mãe, no exemplo do pai. Se os documentos oficiais listam regras de “decoro”, o povo prefere falar em certo e errado. Foi no interior do Ceará, ainda menino, que o pipoqueiro Eduardo Saraiva, de 54 anos, aprendeu a se tornar um cabra honrado.
— Lá no Norte, honestidade é que nem dar a bênção: se passa de pai para filho — legisla o cearense, há 40 anos no Rio.

Troca repreendida
Aos 52 anos, o contador Antônio França ainda se lembra da bronca da mãe, Dona Mariana, quando o viu chegar com uma bola em casa. A regra era clara: nada que não fosse comprado com o dinheiro do salário da família poderia ser usado pelo menino.
— Eu tinha trocado minha bicicleta por uma bola nova. Ela brigou. Decência, a gente aprende desde pequeno — decreta Antônio.
Na tradição popular, uma mãe brava é mais temível do que qualquer comissão de ética.
— Educo meus filhos para que eles não precisem de um código de ética — discursa a auxiliar administrativo Zolete Rodrigues, 32 anos.
Orgulhosa, a acompanhante de idosos Prudência Conceição, de 53 anos, também foi rigorosa na educação do filho único, de 24 anos:
Marco Aurélio Souza 
Marco Aurélio Souza Foto: Marcelo Theobald
— Trabalhava como doméstica numa casa chique na Tijuca. Meu filho nunca me fez passar vergonha. Tinha bibelô de cristal. Ele nem tocava. Até hoje, sabe que não pode receber qualquer presente.
E se saísse da linha nada de comissão para discutir punições. O castigo para quem transgride o rigoroso Código do Povão faz adultos tremerem como crianças.
— Se eu fizesse algo errado, levava surra de gato morto até ele miar. Dona Julia, minha mãe, impunha disciplina na nossa casa — lembra o assistente administrativo André Macedo.
Sem nenhum Diário Oficial.
Carlos de Carvalho, servidor público 
Carlos de Carvalho, servidor público Foto: Marcelo Theobald


Fonte: http://extra.globo.com/noticias/rio/moradores-do-rio-afirmam-que-nao-precisam-de-manual-de-conduta-como-publicado-por-governo-em-diario-oficial-2175143.html

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