sexta-feira, 18 de novembro de 2011

Sindicato dos Médicos ameaça com greve e vê caos na Saúde


Phillipe Moacyr

O Sindicato dos Médicos de Campos (Simec) divulgou ontem duas notas com posicionamentos sobre a prisão do médico Hugo Manhães Arêas, acusado de cobrar consulta de pacientes da rede pública, da decisão do Ministério Público Estadual de fiscalizar a atuação dos profissionais que atendem nos hospitais conveniados ao Sistema Único de Saúde (SUS), com ordem de prendê-los, além de salientar uma possível greve e denunciar que a saúde em Campos é “mentira e caos”. Representantes da classe médica se reuniram, na noite de ontem, na Sociedade Fluminense de Medicina e Cirurgia (SFMC), para decidir como vão proceder diante dos últimos acontecimentos em relação à saúde no município, mas até o fechamento desta e-dição a reunião não havia terminado.

— Fomos ameaçados e colocados como réus à sociedade. O clima está tenso para a categoria, que está trabalhando sob ameaça de prisão, e os pacientes  desconfiados — disse o presidente do Simec, Reinaldo Tavares Dantas.

Segundo o diretor do Simec, Ezil Batista de Andrade Reis, a lei federal 12.101/09 assegura 60% do atendimento nos hospitais filantrópicos para pacientes do SUS e 40% para consultas social, particular ou até mesmo plano de saúde.

— A saúde de nossa cidade precisa vencer muitas etapas, como, por exemplo, o não funcionamento do Programa Saúde da Família (PSF), os cortes e atrasos nos pagamentos da re-de conveniada e até a demora em obras de ampliação e adaptação de hospitais e unidades públicas — afirmou Ezil.

Sobre a prisão do ortopedista, a nota diz: “Todos os hospitais conveniados de Campos possuem “atendimento social” (particular) e esta cobrança é feita pela Instituição e não pe-lo próprio colega. Esta forma de atendimento pode gerar desvios no sistema e deve ser reavaliada quanto à sua legalidade. Não entendemos porque os responsáveis pela Instituição não foram arrolados, e só o médico foi responsabilizado. Estamos convencidos que o Dr. Hugo Arêas foi preso devido ao desejo do promotor de aplicar uma medida de efeito pedagógico aos médicos do SUS, conforme suas declarações divulgadas pela imprensa, o que talvez pudesse ser feito de outra maneira, com mais conversa e orientação”.

Está prevista para dia 21, na sede da Prefeitura, reunião entre MPE, município e diretores para acertar transferência de pacientes do Ferreira Machado para rede conveniada.

Ortopedista tem habeas corpus negado

Durante a reunião na Sociedade Fluminense de Medicina e Cirurgia (SFMC), o diretor Ezil Batista chegou a mencionar que o departamento jurídico do sindicato recebeu informação que o pedido de habeas corpus do ortopedista foi negado ontem pelo Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro. A equipe  da Folha tentou contato com o advogado do médico, João Paulo Granja, mas não obteve êxito.

Hugo foi preso no último dia 8, na Santa Casa de Misericórdia de Campos, por acusação de cobrar consulta de uma paciente do SUS. Ele foi autuado por crime de concussão, artigo 316 de Código Penal, e desde então encontra-se no Presídio Carlos Tinoco da Fonseca.

Um grupo de 32 médicos assinou e publicou, na semana passada, nota de repúdio à prisão do ortopedista e, inclusive, tinha agendado para ontem reunião onde discutiriam a suspensão do atendimento do SUS, mas es-ta não aconteceu. Os médicos participaram da reunião na Sociedade Fluminiense de Mediciana, mobilizada pelo sindicato.

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